terça-feira, 31 de julho de 2007

Os dois lados da moeda

(Versão 1)


Ao parar em um sinal eu me vi naquela cotidiana cena de um jovem, com um varal de ferro improvisado para ser um mostruário de DVDs e CDs piratas. Ele chega na janela do meu Fusion e fala:

- Ai meu patrão, 3 por 10, 3 por 10.
- Com licença – retiro o Ray Ban – Você tem noção de que está cometendo um crime?
- Com’assim?
- Isso que você está fazendo, prejudica os artistas que se mataram para realizar este trabalho. Vocês estão roubando deles.
- Eu não tô roubando ninguém, amizade. Eu tô só na batalha p’ra ganhar um trôco.
- O quê?! Você está é roubando!
- Ó aqui, mano, se tu não tás afim de comprar nada não me enche o saco, morô?
- Olha o jeito que fala comigo rapaz, estás pensando que sou algum muleque?
- Tu tás é de putaria comigo, eu tô aqui querendo colocar o leite em casa e tu vens pagar o sapo na minha cabeça, vai tomar no cu.
- Olha aqui rapaz, você me respeite, seu ladrão. Fica roubando os outros e que ter o direito de vir falar que está trabalhando?
- O senhor pur acasu é honesto, né?
- Você não sabe quem eu sou rapaz!
- Nem o senhor sabi quem sou eu.

Nesse momento abri a porta pronto a meter o sarrafo no silvícola do inferno quando o sinal abriu e os carros começaram a buzinar.

- Tu não te mete não véi, corre dentro otário, corre dentro. – dizia o bugre largando o varal no chão e se armando para a luta, devia ser capoeira ou alguma luta de gente de cor.

Eu então fiz o movimento de luta que eu sei mais fazer... peguei o meu celular.

- Alô, eu gostaria de denunciar um ponto de pirataria...

Neste momento ele pegou o varal e saiu correndo. Eu como um bom cidadão entrei no meu carro e o persegui por uns quarteirões (não sei por quê não colocam essas pessoas como atletas porque correm muito, ainda mais quando estava com meu pára-choque no rabo dele). Em uma das curvas eu consegui atropelá-lo bem maciamente. Ele caiu no chão com umas escoriações e gemendo, eu desci e pedi calmas para as pessoas e disse que havia acabado de prender um bandido. A polícia logo chegou e levou o meliante. Eu fui agradecido e levei o carro para lavar, afinal não se sabe o que se tem na pele dessa gente que possa estragar a pintura.

(Versão 2)

Tipo assim, eu estava lá no ponto de sempre, saca? Tinha armado o mustruário direitinho tudu in ordem alfabértica. Já tinha passado da meia-hora e tava esperando o almoço (1 pedaço de carne com osso e farinha) que ia ser trazido pelo Jaizinho e o Melocoton, só que us cara demoraram e dicidi ficar na batalha durante aquele período. Num demorô muito para um carro de bacana e eu fui lá tentar pegar um troco e tals, afinal de conta a Fhlauzyanne teve o nosso quarto e eu tinha que comprar umas fralda. Nisso que eu chego com o bacana dando o preço e ele vira p’ra mim com um ar de doutor e desenbuxa:

- Ei seu filho da puta, tu não tás vendo que tu é ladrão?
- Quê rapá?
- Os caras que fizeram esses discos tem muita grana e não querem perder, tu sabias disso, porra?!
- Mas eu não tô roubando ninguém dotô, eu tó só pegando um troco p’ra alimentar meus filhos.
- Que mermão? Tu é ladrão safado, devia tar na sexional*!
- Mermão, papo é o seguinte, se tu não vais comprar nada por favor mí deixe em paz.
- Te orienta jogador! Tás pensando que tás falando com as tuas nêga é?
- Aqui, ó. Não levante a voz para minha pessoa, morô? Eu tô aqui onestamente, entendeu? Tirando um pratinha prus meus filhos puderem comer.
- Cala essa tua boca, caralho. Tás achando o quê? Que tu é gente?
- E tu por acaso é santo?
- Tu se toca doido, não sabe p’ra quem tá levantando a voz.
- Nem tu, doido.

Neste momento o playba se vestiu di homem e quis partir p’ra cima de mim, pode? Eu larguei a parada no chão e me armei, saca? Us cara lá do Akidô** me ensinaram uns lance aí, só que o Metidão pegou o celular de bacana dele e só ouvi ele falando.

- Tem um bandido aqui me assaltando!

Aí tu não pensa duas vezes, né amizade? Eu meti o pique e sai cortando as rua porque si eu fosse pego us caras iam me fudê na prisão. Só que o filho de corno me perseguiu e num dado momento de distrassão minha ele mi atropelô. Vê se pode isso? Eu cai no chão que nem bosta, com o braço doendo, acho que minha perna fratruro e perdi um dente. A galera chegou p’ra querer me lixar e só lembro dus homi*** chegando e me botando no camburão. Chegando no sexional eu fiquei de cueca na cela com us companheiro Naná e Tripé. Us homi disseram que um advogado vinha mi vê mas já se passaram 2 meses e nada e Fhlauzyanne falô que se eu não voltar em 1 semana ela vai fugir com o açougueiro e deixar as criança p’reu criar. Poisé bacana, se liga, essa é a minha ssstória****.


* Delegacia / Seccional **Aikido *** Polícia **** História.


Lembrem-se crianças! Pirataria é crime! Por isso, manda a porra desses caras da indústria fonográfica e cinematográfica pararem de encher o cu de dinheiro e venderem DVDs e CDs mais baratos!

3 comentários:

Borra Borrão disse...

huahuauhauhauhauhauhauhuahuhauh
huahuahuahuahuuhauhauhauhauhauh
uhhauhahuauhhuahuuhahuauhauhauh

Perfeita as duas visões... me pergunto se a Flhauzyanne vai dar o balão no cara e vai cavalgar no açogueiro depois.

Ser_Brasil disse...

Tem sempre 3 verdades:

- a de quem perdeu;

- a de quem ganhou;

- a de quem contou a história.

=)

Alucinógena disse...

"Sexional" foi o AUGE!

haoHauohOahUOahoUHauoAHHOUAhUOAH

Mas que esses porras no sinal enchem o saco, isso eles enchem. Não mais que os patricinhos, mas enchem. Ainda mais quando eles resolvem me convencer a comprar DVD de xiado na xereca, surra na baculinha e afins...